24 de dezembro de 2011

ASAS na Grampo

Um trabalho incrível, pioneiro, premiado e no qual acredito muito. Grampeado aqui desde seu primeiro lançamento de coleção, o ASAS_Artesanato Solidário do Aglomerado da Serra, encanta por sua história e trabalho competente, e por isso quis fechar este ano com uma exposição e loja temporária deles ( todo o faturamento de vendas para o grupo). A parte fixa da mostra apresentou todos os primeiros protótipos de peças, além de outras como flipbook com imagens tiradas na favela e objetos luminosos com fotos de pinhole. O título "Asas feitas por mãos: o trabalho do ASAS" diz sobre a capacidade de transcender uma realidade difícil por outra desejada, a partir de objetos realizados pelas mãos de seus  integrantes. Publico abaixo o texto de abertura da exposição para quem quiser entender meu ponto de vista sobre o trabalho, que tomei a liberdade de classificar como design artesanal. Além dele, seguem algumas fotos da exposição e outras feitas por Julie Arantes no ateliê das Aglomeradas.
A Grampo aproveita para desejar a todos um natal maravilhoso e um 2012 sensacional! 


" Exposição Asas feitas por mãos: o trabalho do Artesanato Solidário do Aglomerado da Serra
Iniciado em 2007 como projeto de extensão universitária, com atuação na comunidade em questão, o projeto ASAS merece cada vez mais visibilidade. Pioneiro, competente, premiado, insere-se no limite entre design e artesanato, produzindo objetos com identidade extremamente contemporânea, calcada no universo imediato e raízes de seus integrantes. As técnicas de produção manuais utilizadas _cada vez mais raras e preciosas em tempos de “made in China”_ poderiam definir o trabalho como artesanato, mas a compreensão da necessidade de se criar objetos utilitários que atendam à demandas de usuários, a utilização de técnicas de padronização dos produtos, o cuidado ambiental no uso de materiais, as formas de divulgação e marketing, o aproxima muito do design.
 Baseado em um conceito de que a capacidade de produção artística é inerente a todo ser humano, o processo proposto inicia-se com a sensibilização dos integrantes para as artes, e em seguida, o entendimento do universo que os cerca, para posterior interpretação dos elementos que se desdobram nas imagens e formas. Depois, a partir da soma das interpretações individuais, singulares de cada participante, surge uma produção coletiva, solidarizada, que então se sobrepõe.
Três linhas são desenvolvidas atualmente, desde a criação de cada peça. O ateliê Aglomeradas, o primeiro a ser iniciado, em 2007, já se desdobra em uma maior gama de produtos, como almofadas, lenços, toys, aventais, feitos com técnicas de costura e estamparia. Há ainda uma linha de papelaria com estamparia; a oficina Bambu, iniciada em 2010, desenvolve utensílios neste material utilizando técnicas de cortes, encaixes e fixações específicas, em cabideiros e luminárias que remetem aos gravetos entrelaçados de ninhos, aglomerações do material; Já a linha mais recente, Modalaje, que teve começo neste ano, produz em seu ateliê roupas, tendo como base a costura de retalhos de sobras da indústria. A referência é a estética patchwork, fruto da união de retalhos para composição de um todo.
Nos objetos produzidos por essas três linhas distintas percebe-se um mínimo denominador comum estético, que são desdobramentos das sobreposições, emendas e heterogeneidade características das apropriações de espaço da favela, onde as demandas da vida cotidiana se materializam em soluções intrincadas, criativas, extremamente inventivas, resultado da falta de recursos, e por isso, tão ricas. Uma assinatura clara, forte, do grupo, aparece então em cada produto. O exemplo da estamparia das Aglomeradas é emblemático disto. Um vasto conteúdo imagético, a partir de elementos como becos, lajes, territórios, gatos-de-luz, gansos, asfalto, é transposto para as telas de estamparia. Estas permitem a repetição das imagens nos produtos, impregnando-os com a identidade do ASAS de maneira irrevogável.
Por fim, para além da estética, na ética do grupo, percebe-se um sério cuidado com as dimensões humanas. A formação artística e crítica de cada integrante permite que eles se constituam como agentes multiplicadores, que podem transmitir a outros da comunidade os ofícios aprendidos. Um conceito fundamental na tecnologia social de ponta. E dos objetos produzidos dentro desta metodologia vem o título escolhido para esta exposição. “ASAS feitas por mãos” diz sobre a possibilidade de transcendência de uma realidade para outra desejada, a partir dos objetos realizados por essas mãos.
Seja bem vindo!

Belo Horizonte, 

Manoela Beneti_17 de dezembro de 2011"



fotos da exposição: Manoela Beneti

















fotos dos produtos e fotos no ateliê das Aglomeradas: Julie Arantes









  
























Ficha técnica do ASAS_Artesanato Solidário do Aglomerado da Serra   .  Programa de extensão da universidade Fumec apoiado pelo programa UNISOL_Universidade Solidária      
AGLOMERADAS: 
Aline Magalhães
Elisa Maria
Maria Madalena Batista
Schirley Maria Araújo
Sônia Leandro da Silva
Suzana Marília dos Anjos Oliveira
MODALAJE:
Idair Maria de Castro
Leni Maria Jaques
Maria Luzia de Souza
Marlene Alves dos Santos
e as novatas Marli e Lívia
BAMBU:
André Martins Dias
Arnaldo Soares
Fernando de Jesus
Jefferson Antonio da Silva
Emerson Vieira dos Santos
Wagner Fernandes
Coordenação geral:
Natacha Rena
Coordenação executiva:
Bruno Oliveira
ASAS_aglomeradas
Professora Coordenadora:
Natacha Rena
Alunos bolsistas e voluntários:
Rafo Barbosa (Design Gráfico)
Letícia Gaio (Design de Moda)
Déborah Pedercini (Design de Moda)
Bárbara Lima (Design Gráfico)
Marina Lerbach (Design de Produto)
ASAS_modalaje
Professora Coordenadora:
Natacha Rena
Alunas bolsistas:
Julia de Assis Barbosa Soares (Design de Moda)
Raíssa Gomes Batista (Design de Moda)
Fernanda Fialho Vieira (Design de Moda)
Larissa Duarte (Design de Moda)
ASAS_bambu
Professor Coordenador:
Flávio Negrão
Alunos bolsistas e volunários:
Danilo Evandro de Pina Silva (Arquitetura)
Guilherme Bruno Alves (Design de Produto)
Isabelle Verona (Design de produto)
Ricardo Gois Santos (Engenharia Ambiental)
Talita Lessa (Arquitetura)

Nenhum comentário: