Função em Justa Beleza virou mantra na Grampo nos últimos tempos_esteve em cartaz no período de 19/12 a 9/3_ e agora entra pra nossa história. Essa nota traz alguns dos principais momentos dessa narrativa que reuniu os mobiliários de Ivar Siewers, um dos grandes do design brasileiro, e arquiteturas de quatro colegas também fabulosos_ Carla Juaçaba, Carlos Alberto Maciel, Juliana Barros e Marcos Acayaba. Abaixo: imagens do processo de produção de algumas peças de Ivar; da exposição propriamente dita sobre o tablado; do dia da abertura; do processo de concepção inicial da Casa Função em Justa Beleza que propus como exercício paralelo à mostra. Pra que tudo faça mais sentido, recomendo a leitura do texto de abertura da exposição ( basta clicar aqui ) e também das "notas da curadoria"_ pequenas reflexões em livretos ( handmade! ) que estiveram ao lado dos objetos expostos.
Um pouco do processo de produção das peças de Ivar Siewers
Fotos : Manoela Beneti
Pintura eletrostática da cadeira Isa. Design de Ivar Siewers
Notas da curadoria:
Mais recente projeto de Ivar. Uma cadeira básica, pra toda hora, com uma cartela de cores alegre. Notem o misterioso sorriso de Isa.
As fendas nas chapas de assento e do encosto permitem a maleabilidade
do material para a adequada ergonomia. Economia de material e mais leveza
estética são ainda ganhos secundários obtidos por causa dessas fendas." ( MB )
Cadeiras Isa na Fábrica de Ivar
Fotos na Fábrica: Julie Arantes
Polimento da Mesa Kaeko na Fábrica. Design de Rafic Farah
Uma pata da Mesa Tarsila na Fábrica. Design de Ivar Siewers
A montagem da exposição pronta na Grampo
Fotos da montagem : Julie Arantes
O Banco Bola de Ivar
"Protótipo Banco Bola
Notas da curadoria:
A partir de um elemento simples_ uma esfera metálica
encontrada em linha comercial_ Ivar procede com perfurações anguladas e
rosqueadas para receber hastes em aço inox. Esta nova peça, conectora de apoios, se desdobra em bases para banco, mesa de jantar e mesa lateral.
No caso deste protótipo de banco, aqui exposto, o assento é feito em madeira laminada colada, em versão crua, mas a peça acabada recebe ainda camada de verniz fosco incolor." ( MB )
No caso deste protótipo de banco, aqui exposto, o assento é feito em madeira laminada colada, em versão crua, mas a peça acabada recebe ainda camada de verniz fosco incolor." ( MB )
Trecho inicial da montagem
(poltrona Minas à direita)
"Poltrona Minas
Notas da curadoria:
Não há parafusos na peça, apenas o encaixe por pressão do assento-encosto à estrutura.
Ivar utiliza o compensado mais barato, do tipo "fundo de armário", procedendo com cortes em fatias, depois coladas topo a topo, que compõem uma peça inteiriça de assento-encosto. Dessa maneira tira o melhor partido de um material barato e eficiente, revelando a beleza das tonalidades variadas de madeira que usualmente ficariam escondidas.
Ivar utiliza o compensado mais barato, do tipo "fundo de armário", procedendo com cortes em fatias, depois coladas topo a topo, que compõem uma peça inteiriça de assento-encosto. Dessa maneira tira o melhor partido de um material barato e eficiente, revelando a beleza das tonalidades variadas de madeira que usualmente ficariam escondidas.
A estrutura em aço inox tem lógica estrutural semelhante à
da mesa Stella, onde o aço mais leve possível é dobrado de forma que a
geometria da peça proporcione a máxima rigidez." ( MB )
A Poltrona Oh! assinada por Ivar
"Poltrona Oh!
Notas da curadoria:
Os aros concêntricos se propagam, fixos à base, abrindo o “ Oh!” que dá
título à peça.
Um preciso estudo das angulações, que tem por finalidade
determinar a ideal inclinação para o corpo recostado, mostra o cuidado no
processo de desenho para favorecer a ergonomia.
As fixações do encosto e assento, vistas por trás e abaixo,
são dignas de nota, fruto da simplicidade e objetividade do desenho.
As curvaturas das madeiras tipo compensado, do assento e do encosto,
são idênticas e o processo de execução das mesmas é elementar. Para tanto utiliza-se uma prensa de marcenaria do tipo mais simples, o que reflete em diminuição do custo final da peça."
( MB )
( MB )
O Tríptico Bamboletras. Design do tipoeta Daniel Mansur e de Ivar Siewers
" Tríptico Bamboletras:
Notas da curadoria:
Mais uma peça cujas referências remetem mais diretamente ao
Modernismo, está pelo mesmo motivo disposta sobre o tecido. Trata-se de um
tríptico assinado pelo poeta visual, também conhecido como tipoeta ( apelidado assim por Haroldo de Campos ), Guilherme Mansur. Nele vemos a tipografia “Bamboletras”_uma fusão da fonte Futura à imagem de bambolês.
A peça é uma poesia visual, podendo ser fixada na parede ou utilizada
como descanso de travessas.
Produzida na Fábrica
de Ivar, é um objeto pensado para fabricação seriada e em maior escala. Seu processo de produção obtém máximo aproveitamento da uma chapa de ferro, a partir do recorte de quadrados de 14x14cm." ( MB )
A mesa de centro Tarsila em primeiro plano
"Mesa Tarsila:
Notas da curadoria:
Uma chapa de mdf
é recortada produzindo faces que, quando coladas, compõem os pés desta mesa.
A cada chapa inteira de mdf, Ivar consegue retirar os componentes necessários para a execução de 3 mesas completas, com o mínimo de desperdício de material.
Esta peça foi desenvolvida num arroubo, em protesto ao
comentário de um grande fabricante de móveis.
Tendo ele promovido um concurso de desenho de mobiliários, apresentou
aos brasileiros finalistas, entre eles Ivar, uma banca de examinadores explicando que o Brasil precisava aprender sobre design com os italianos que
estavam presentes.
Ivar criou um móvel cheio de patas, que remetem ao Abaporu de Tarsila do Amaral, fazendo menção ao conceito do Movimento Antropofágico _ que enfatizava a identidade cultural brasileira.
Esta peça possui grande importância simbólica na exposição.
Está disposta sobre o tecido como forma de diferenciação em relação às outras,
por remeter diretamente ao ideário Modernista. Todos os trabalhos aqui
expostos, entre mobiliários e arquiteturas, refletem uma produção contemporânea,
mas possuem um mínimo denominador comum Modernista." ( MB )
Criador e criatura. Mesa Stella_ peça vencedora do Prêmio Divulgação do Museu da Casa Brasileira, de 2006
"Mesa Stella
Notas da curadoria:
Extrema
sofisticação resultante da racionalidade no uso
do material e da solução estrutural inventiva. Utilizando o mínimo necessário
de material e obtendo a máxima rigidez estrutural através da geometria do desenho,
Ivar obteve uma peça levíssima e de custo muito acessível ao consumidor final.
Pode ser utilizada também
em conjuntos de 2, 4 ou mais peças, com um tampo quadrado ou redondo apoiado." ( MB )
Maquete do "Estúdios Capelinha", projeto do arquiteto mineiro Carlos Alberto Maciel
A Casa Mínima, assinada pela carioca Carla Juaçaba
Fotos da Casa Mínima: Carla juaçaba
A Casa Mínima e sua vista da cama
As Casas do Alto da Boa Vista, do paulista Marcos Acayaba
Foto de Jorge Hirata
Vista interna de uma das casas, localizadas no Morumbi, em São Paulo
Foto de Jorge Hirata
Estúdios Capelinha, em Belo Horizonte
Foto de Leonardo Finotti
Vista interna de um dos estúdios
Foto de Leonardo Finotti
Projeto para Reconversão de Edifício para Habitação de Interesse Social, da mineira Juliana Barros
Maquete eletrônica: Juliana Barros
Uma imagem interna do prédio localizado no centro de Belo Horizonte, caso ocorra a reforma
Maquete eletrônica: Juliana Barros
Visitantes na exposição
Fotos da abertura da exposição: Anna Victoria Urbieta
Brincadeira no tablado!
Abertura que aconteceu em 20/12/12
Nesta foto é possível ver dependuradas as estruturas da Poltrona FDC, de Flávio de Carvalho, da Poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha e da Mesa Kaeko, de Rafic Farah.
Nesta foto é possível ver dependuradas as estruturas da Poltrona FDC, de Flávio de Carvalho, da Poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha e da Mesa Kaeko, de Rafic Farah.
Livreto ( handmade ) e estrutura da Poltrona FDC, de Flávio de Carvalho, pendurada
Levantamento topográfico do terreno em Brumadinho-MG, para a Casa Função em Justa Beleza
Detalhe da vegetação do lugar, que é de transição entre cerrado e mata Atlântica
Fotos e croquis: Manoela Beneti
Material para croquis
Aquarela croqui para concepção inicial da Casa FJB
- A casa suspensa convida para a travessia até o rio.
croqui em aquarela por mim
- Uma árvore é o ponto de referência para implantação da casa no terreno e o ponto de origem da malha estrutural. A casa, suspensa do solo, convida para que se passe por debaixo dela, seguindo em uma a travessia até o rio.
croqui em aquarela
Mais croquis
Ficha técnica:
Curadoria, cenografia, expografia e textos: Manoela Beneti
Fotos da exposição: Anna Victoria Urbieta, Julie Arantes e Manoela Beneti
Arquiteturas na exposição: Carla Juaçaba, Carlos Alberto Maciel, Juliana Barros e Marcos Acayaba
Croquis/ Concepção para Casa FJB: Manoela Beneti
Mobiliários: Ivar Siewers
Tríptico Bamboletras: Guilherme mansur e Ivar Siewers
Estruturas de móveis: poltrona FDC, de Flávio de Carvalho; poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha; mesa Kaeko, de Rafic Farah
Livros e revistas que também fizeram parte da exposição:
-"Marcos Acayaba" - Marcos Acayaba - Ed. CosacNaify - 2007
-"Metrópole: 5a. Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo" - IAB - 2003
-"O móvel brasileiro moderno" - Organização de Marcelo vasconcellos e Maria Lúcia Braga - Ed. Aeroplano e FGV - 2012
-"Paulo Mendes da Rocha" - Paulo Mendes da Rocha - Ed. CosacNaify - 2006
-Revista AU nº 218 - Pini - Maio de 2012
-Revista Monolito #11 - "Jovens Arquitetos" - Ed. Monolito - 2012
Agradecimentos:
À Aparecida, da Mecap indústria de pintura eletrostática.
Ao Guilherme Mansur, o tipoeta.
À Mariana Hoffman, estagiária de design de produto na Fábrica de Ivar Siewers.
A todos os colegas que participaram com seus trabalhos.
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